Galopes Orgânicos

Sempre é hora de mudar ou superar-se…

Por muito tempo, convivi com algo que imaginava ver apenas na grama do vizinho…Inventaram a cultura do “você colhe aquilo que planta” e eu achei que para as coisas boas assim seria também… Plantei demais… Tanto que, hoje, meu corpo físico sente.
Doei-me completa e inteiramente, e muito além da proporção adequada. Meu ideal carregava sonhos, vontades e exageros que não eram só meus… Quantas vezes fui capaz de carregar 100 vezes mais do que deveria aguentar? Afinal, por anos acreditei na frase que dizia: “a cruz nunca é mais pesada do que você poderia carregar”.
Servi a mestres e mentores espirituais para me apoiar em mim mesma, enquanto os reverenciava como se os méritos obtidos por todas as minhas conquistas fossem deles… Cheguei até a acreditar nisso.
A servidão estava por toda parte e não havia ninguém que me dissesse que, se eu carregasse “somente a mim mesma”, carregaria muito menos.
Quero o peso da minha alma que, de tão pesada, acumula sabedoria, erros e acertos que me levaram a um profundo conhecimento. Desprendi-me do desejo de estar entre os jurados, para fazer parte da plateia da vida… Os aplausos estavam custando muito caro. Assim como todos os comuns, quero ter o direito de rir, conversar, brincar e até descansar nos intervalos.
Confesso que ainda não me acostumei, fico perdida nos minutos que transformam-se em horas acumuladas, soltas… Sentimento de culpa pela prática do “nadismo”. Do nada, vou fazer tudo para mim. Estudar, ler, trabalhar, descansar, caminhar, comer, amar, viajar, brincar…
Já me disseram que deveria ter foco, mas esqueceram-se de dizer que aquele foco imposto dizia respeito a todos e não somente a mim. Estou com créditos da desproporção…
Amanheceu, sei lá… O meu dia vai começar. É diferente ver a vida como em geral a vêem… A sensação é boa. Parece um tanto quanto imprevisível, sem as rédeas do alto rendimento. Porém, não as quero mais…
Abandonei a vontade de ser domada feito um cavalo de grife. Quero dar galopes orgânicos!