Como ser menos dependente de um homem?
17 de fevereiro de 2022 • Escrito por: instituto
Ah, o amor!
O amor é um sentimento maravilhoso!
As cores ficam mais bonitas, os dias mais interessantes, o tempo passa mais rápido e a vida fica mais alegre sabendo que se tem alguém, em algum lugar, que te ama assim como você é.
Como é gratificante ser reconhecida, valorizada e amada como se é…
Mas para tudo! E se amamos TANTO alguém que em vez de paz e leveza, os dias ficam mais tensos e ansiosos, tudo na sua vida gira em torno daquele amor e como mantê-lo e, consequentemente, você acaba perdendo sua própria identidade, não reconhecendo mais suas atitudes ou seu papel dentro de casa. É normal?
É. Com certeza, mais normal do que deveria ser. Mas também é algo extremamente disfuncional e nada saudável.
O amor e a paixão foram substituídos pela sua baixa-autoestima, você se desvalorizou, e agora você é dependente deste amor.
Sim. Hoje o papo é sobre dependência.
O que acontece quando passamos a ser menos exigentes com nós mesmos e praticamos grandes gestos e mudanças fora do nosso normal, apenas para agradar e manter o outro dentro de casa?
Usando a oportunidade que me foi dada de mediar e ajudar tantas relações durante minha jornada profissional como terapeuta, notei a grande incidência de dependências afetivas, em pelo menos por uma das partes constituintes da relação. Dependência essa, que afeta não somente sua visão sobre si mesmo, como a visão do nosso parceiro sobre nós.
RELATO:
“ Vivo passando dos limites para salvar meu casamento. Já gastei dinheiro com roupas que normalmente não usaria, só para meu marido me achar mais atraente. Já gastei tempo em que devia estar trabalhando, pesquisando sobre assuntos que não me interessam só porque meu marido gostava e eu achava que, de alguma maneira, atrairia ainda mais ele para dentro de nosso casamento. Pintei meu cabelo de outra cor só porque ele disse que gostava de loiras. Deixei minhas amigas de lado, já que ele não ia muito com a cara delas. Hoje me arrependo, sinto que me perdi e nao sei mais quem eu sou ou o que eu gosto de fazer. O pior é que nada das coisas que eu faço parece de fato fazer alguma diferença. Morro de medo de perdê-lo. Cris, me ajuda?”
A dependência emocional e funcional pode ser muito romantizada e confundida com um “amor devoto”. Ela ocorre quando um indivíduo não tolera a ideia de ser abandonado, de maneira alguma, pelo seu parceiro.
Você passa então a ter um comportamento de doação ilimitada á aquela pessoa.
Pessoas dependentes têm atitudes peculiares diante de uma relação.
Isso porque sempre se doam excessivamente, acabam assumindo inteiramente ou parcialmente a culpa por algo, mesmo que sem necessidade, somente para o bem do relacionamento. Tendem a se colocarem sempre em segundo plano, sempre privilegiando a vontade do outro e quando fazem planos pessoais, estes sempre envolvem o parceiro. Não existe espaço individual na vida de um dependente, tudo que se faz ou se pensa em fazer inclui a outra parte, distanciando-se da sua individualidade.
Pessoas dependentes também praticam a pró-atividade excessiva. Ou seja, estão sempre se prontificando a ajudar o outro, a fim de se tornar indispensável na vida dele, e não por genuinidade. Se adaptam unilateralmente as vontades e funções do seu parceiro, mas sem reciprocidade ou sem que eles pedissem que se fosse feito.
Muitas vezes a parte sabe que todos esses esforços são inúteis, e que ao fazê-los você se diminui, já que dá a entender que estará lá a qualquer custo e com qualquer exigência, pronto e com disposição pelo seu amor.
Amor este que, inevitavelmente, cresce em cima de você, na mesma graduação que você se diminui. Ele se aproveita de todos os esforços e absurdos que você faz.
Mas, no fundo, você sabe que estas atitudes não fazem diferença e mesmo assim, não consegue deixar de fazê-las. Afinal o medo da perda desta relação fala mais alto. Mais alto até que teu amor próprio.
É importante ressaltar que existem dois tipos de dependentes:
- O genuíno: que devido sua baixa auto-estima, sempre se relacionou e só sabe se relacionar desta maneira.
- O Ocasional: este nunca teve o perfil dependente presente em nenhum outro relacionamento na sua vida, mas que, por algum evento ou por um relacionamento abusivo, se tornou assim. Neste caso, a insegurança aflora a dependência como um mecanismo de defesa. Quando em um relacionamento não abusivo, não tem este perfil.
Seja por diversos motivos, quando um dependente afetivo perde a autonomia da sua própria vida ou sua identidade, entra-se num paradoxo perturbador e nada bacana de desejo e repulsa.
Repulsa pela situação de ter conhecimento das atitudes disfuncionais e da auto desvalorização crescente. Mas, emocionalmente, não consegue se desvincular dela (desejo).
É como um dependente químico que sabe que a vida está indo ladeira abaixo porém não consegue se desvincular das drogas.
Sair desta prisão da dependência afetiva, vai muito além da vontade própria e do reconhecimento da sua dinâmica desestrutural presente.
É preciso muito empenho, vontade e amor por você mesma para vencer a luta entre duas forças poderosas: a razão, que sabe que a mudança é necessária, e a emoção, que reage contra a decisão, como um impulso involuntário.
Se você se identificou até aqui, não se desespere.
Lembre-se da sua identidade inicial, de quem você era ou o que gostava de fazer. Pratique por estas coisas em sua rotina novamente. Pratique reaver sua verdadeira identidade. Aquela mesma que você foi deixando para trás para agradar os outros.
Agrade a si mesma primeiro.
Não podemos exigir valorização e reconhecimento em casa, se nem nós mesmos nos valorizamos.
Ao diminuirmos e mudarmos tanto por alguém, damos o passe livre para que esta pessoa se acostume e exija qualquer coisa, que vamos estar disponíveis e dispostos a prover.
O amor é sobre o equilíbrio e reciprocidade. Ambas partes constituintes tem que se doar igual e dedicar igual. Se valorizar igual.
Seja mais exigente com você mesma, para você mesma.
Está na hora de ser feliz e forte de novo. De sentir o amor pelo que o amor é, o sentimento mais maravilhoso, que faz as cores ficarem mais bonitas, o dia mais leve e a vida mais gostosa de ser vivida.
Sobre a Cris Monteiro
Idealizadora e fundadora do Instituto Cris Monteiro, também sou escritora, palestrante, terapeuta matrimonial holística e apresentadora de um canal no YouTube com mais de 260.000 seguidores.
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